Asimov

Se você curte ficção científica, já deve ter ouvido falar de Isaac Asimov. Se não curte, também. O cara é mundialmente conhecido por ter criado as Três Leis da Robótica. “Robótica”? O termo também é de invenção dele. Esse é o verdadeiro “pica das galáxias”. Vamos falar um tiquinho só sobre o tio antes de chegar aonde quero.

Descobri há pouco tempo o quão foda esse cara foi. Morreu aos 72 anos em 1992 e deixou como legado nada menos do que 463 obras. Ele tinha o objetivo de chegar às 500, mas infelizmente não teve tempo. O fato é que Asimov era muito mais do que robôs, robótica, três leis, cérebros positrônicos. Ele escrevia e estudava praticamente sobre tudo!

Falando brevemente, Asimov tem obras importantes em nove das dez categorias do Sistema Decimal de Dewey, que é uma classificação criada para, digamos, organizar o conhecimento. Ele só não entrou para a lista no tópico “Filosofia”. As demais categorias são: Generalidades, Religião, Ciências sociais, Línguas, Ciências puras, Ciências aplicadas, Artes, Literatura e História e Geografia. Ele bateu cartão em todas essas.

Pelo nome, dá pra notar que o cara era russo. E nasceu, de fato, na União Soviética, onde hoje é a Bielorússia. Só que nunca aprendeu russo. Foi levado a tira-colo para os Estados Unidos com três anos de idade e cresceu lá – mais exatamente em Nova York. Segundo ele mesmo, começou a escrever sobre robôs sem nenhuma pretensão. Apenas queria “ganhar algumas centenas de dólares”. Já se vê que foi um pouco além disso.

Você já viu o filme “Eu, Robô”? Ou então “O Homem Bicentenário”? Bons, né? Pois bem, eles foram criados a partir de contos de Asimov. Eles não são frutos de apenas uma história, mas de uma amálgama, de uma mistura de algumas narrativas. De qualquer forma, os filmes levam até os mesmos nomes dos personagens do tio. Por exemplo: Will Smith é o Detetive Spooner e contracena com Bridget Moynahan (Dra. Susan Calvin). São “personas” criadas por Asimov.

Agora, aos livros: “Eu, Robô” é uma coletânea de nove contos lançada em 1950 (detalhe: os contos não foram criados pro livro. Já tinham sido lançados antes. Ou seja: NO MÍNIMO mais de 63 anos atrás!). Eu o li há alguns anos, mas o perdi. Esta semana terminei “Nós, Robôs” (1982), uma antologia de 31 contos (incluídos aí os nove de “Eu, Robô”). Ou seja, graças a isso posso comentar com certa legitimidade sobre as duas (ou trinta e uma) obras. Sem tietagem, vou direto ao ponto: recomendo. Bastante. Mas tem que ser fã do gênero.

Explico: Asimov não tem uma leitura lá tão fácil. Não é Kant ou Foucault, não é isso. É que algumas histórias levam tempo para chegar ao clímax. São desenvolvidas lentamente. Se você não tiver interesse pelo desfecho (sempre intrigante, é verdade) não vai aguentar. Eu, mesmo sendo fã de ficção, tive que ter paciência no começo. Apesar de curtos (dificilmente passam de 20 páginas), os contos podem ser cansativos pra quem não aprecia futurologia tecnológica.

O mais interessante é notar como, lááá atrás, ele escreveu coisas que ou são realidade hoje ou ainda serão. Mas tente pegar o livro pra ler nos próximos 50 anos. Afinal, quem gosta de ler alguém falar com entusiasmo sobre charretes quando temos automóveis? A questão não é tirar o mérito de Asimov. Ele É um visionário. Tanto que estamos indo exatamente pelo caminho que ele imaginou. A questão é que podemos achar banal, um dia, um robô nos atender em vez do nosso médico.

Apesar de não ter lido nem 5% da obra disponível, me arrisquei a fazer este texto. Se você não estiver fazendo nada, ou se estiver lendo a biografia da Bruna Surfistinha, corra pro sebo! Um dia você vai ter um robô-doméstica e vai lembrar do tio com um sorrisinho.

4 comentários sobre “Asimov

    • Ah, sim, sob o ponto de vista das problemáticas que ele cria acerca das Três Leis, de fato, é atemporal! Me referia mais à tecnologia que ainda não temos. Robbie, o robô-babá, ainda está longe de existir, mas um dia será comum (e aí salve-se quem puder!).

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